sexta-feira, 5 de novembro de 2010

De Madrugada

(Dia 04.11.2010)

Hoje sai de casa e as ruas estavam mortas,
as pessoas estavam escondidas, a andar em pés de lã,
e o silêncio gritava, inaudível, de um jeito extraordinárimente agradável.

Apanhei o autocarro e sai no destino.
Sentei-me na paragem durante 40 minutos.
Estava frio, mas era um bom frio - o frio da madrugada.

Decidi-me a ser espectadora.
Comprei bilhete (suportei o frio), compramos sempre bilhete:
Vi a lua magrinha a desvanecer-se,
o céu passar do enebriante negro a uma claridade demasiado clara,
Vi as ruas acordarem do sono nocturno,
as pessoas a sairem dos esconderijos numa marcha espalhafatosa
e o silêncio a tornar-se barulhento.

E vi um pássaro, um pássaro a correr atrás de um avião.